Qualidade de Vida - Fisioterapia

A Importância dessa especialidade na promoção da Saúde e Bem-Estar

A fisioterapia pélvica surge como uma disciplina essencial na abordagem e na prevenção de disfunções nos sistemas fundamentais do organismo humano, como o urinário, evacuatório e reprodutor. O impacto dessas disfunções reverbera diretamente na qualidade de vida das pessoas, além de refletir nos custos do sistema de saúde, tanto público quanto privado.

Em entrevista exclusiva para a Revista Hadar, Camila Manis de Almeida - Fisioterapeuta especializada em Saúde da Mulher (CREFITO-3/236009-F) - destaca que a fisioterapia pélvica permanece subestimada, até mesmo entre profissionais da saúde. No entanto, a disseminação de informações sobre o tema é essencial para desmistificar tabus e promover impactos positivos, na vida das pessoas.

A incontinência urinária, seja por esforço, seja por urgência, representa queixa predominante, abrangendo a maioria dos atendimentos em fisioterapia pélvica. Além disso, casos como bexiga hiperativa, constipação crônica, escape fecal, prolapsos de órgãos pélvicos e disfunções sexuais são tratados com eficácia por meio dessa abordagem terapêutica.

O tratamento visa não apenas ao fortalecimento pélvico, mas também aos objetivos específicos definidos, após uma avaliação minuciosa. Camila enfatiza a necessidade de enxergar o paciente como um todo, considerando não apenas a fraqueza muscular, mas também a função, resistência, ativação e relaxamento muscular, assim como seus hábitos de vida.

A fisioterapia pélvica desempenha um papel crucial no tratamento de transtornos sexuais, como vaginismo e dor durante a relação sexual. Camila destaca a importância do tratamento multiprofissional, envolvendo médicos, psiquiatras e psicólogos. A abordagem terapêutica inclui orientações sobre anatomia, autodescoberta corporal e trabalho de relaxamento muscular perineal.

Camila ressalta que a prevenção é fundamental para evitar disfunções futuras, destacando a importância das visitas regulares aos profissionais de saúde, mesmo na ausência de queixas. No tratamento de incontinência urinária e impotência sexual, é importante entender as origens das queixas e adotar estratégias eficazes, priorizando a adesão do paciente ao tratamento.

A fisioterapia pélvica beneficia mulheres de todas as idades, adaptando-se às diferentes fases da vida. Desde a infância, abordando em aulas noturnas e dando orientações sobre anatomia, até o climatério e a menopausa, na fase adulta e idosa. Além disso, mulheres após cirurgias, gestantes e tentantes encontram suporte especializado, nessa área.

A avaliação minuciosa, no início do tratamento, aliada à aplicação de questionários, permite quantificar as queixas e medir o impacto das disfunções na qualidade de vida. Após o tratamento, a comparação com os questionários iniciais é realizada, considerando-se também o relato e a percepção do/a paciente.

Camila destaca que a fisioterapia pélvica não resolve condições como endometriose, adenomiose e síndrome do ovário policístico, mas alivia sintomas como dor pélvica crônica, constipação e disfunções sexuais. Técnicas como terapia manual, relaxamento e fortalecimento muscular são integradas ao tratamento tradicional.

A fisioterapia pélvica é oferecida pelo SUS, mas a alta demanda e a baixa oferta de profissionais podem dificultar o acesso. No setor privado, é necessária indicação médica para acesso a tratamento especializado. Camila destaca a “Lei do Parto com Dignidade”, em Tatuí, como um avanço na garantia de atendimento humanizado às gestantes. O que diz a Lei Municipal Nº 5.483, de 23 de setembro de 2020, aprovada pela Câmara Municipal e sancionada e promulgada pela saudosa Prefeita Maria José Gonzaga. “Dispõe sobre a garantia do atendimento humanizado à gestante, à parturiente, à mulher em estado puerperal e em situação de abortamento, para prevenção da violência na assistência obstétrica, no município de Tatuí e dá outras providências – Lei do Parto com Dignidade”.

A Fisioterapeuta enfatiza que o conhecimento sobre o próprio corpo é fundamental para evitar disfunções. A fisioterapia pélvica atua na conscientização anatômica e na desconstrução de tabus, proporcionando um ambiente sério e sigiloso para o paciente.

A divulgação por meio de mídias sociais tem sido eficaz na promoção da fisioterapia pélvica, mas é fundamental que os pacientes tenham senso crítico para filtrar informações. Entrevistas como esta desempenham um papel fundamental para ampliar o acesso e oferecer informações confiáveis.

Camila destaca a eficácia do uso de pessários para prolapsos de órgãos pélvicos, uma técnica não invasiva que, aliada à fisioterapia pélvica, tem sido recomendada por todos os “Guidelines” internacionais, visto que a técnica anterior, que é a cirúrgica, está associada a altos índices de recidivas e complicações. Além disso, é barata e de fácil acesso.

Ao final da entrevista, Camila Manis de Almeida reforça a importância do diálogo aberto sobre as questões relacionadas à fisioterapia pélvica, desmitificando tabus e incentivando a busca por cuidados preventivos.