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Comportamento Teen - Algoritimo

Os algoritmos e a autoimagem dos adolescentes

Como a personalização digital influencia a identidade juvenil

 

As redes sociais, através de algoritmos complexos, apresentam aos adolescentes conteúdos personalizados que refletem suas identidades e interesses. Esse processo de curadoria digital, conhecido como “para você”, sugere implicitamente que o conteúdo não apenas é selecionado para o usuário, mas também sobre ele. Tal fenômeno cria um espelho digital que influencia a percepção dos jovens sobre si mesmos.

Pesquisadores da Universidade Drexel, incluindo John Seberger, Afsaneh Razi e Nora McDonald, professora assistente de tecnologia da informação na Universidade George Mason, EUA, investigaram como os adolescentes lidam com essa personalização e como se veem refletidos, nas plataformas digitais. Nosso estudo qualitativo com adolescentes de 13 a 17 anos revelou que os jovens interpretam o conteúdo algorítmico como um retrato preciso de sua identidade. Eles apreciam a experiência de auto-reflexão nas redes sociais, preferindo conteúdos que lhes reforçam as crenças e interesses.

A precisão dos algoritmos e a autoimagem

Os adolescentes entrevistados acreditam que os algoritmos, como os do TikTok, são tão precisos que qualquer conteúdo inconsistente é visto como uma anomalia. Quando confrontados com conteúdo desagradável ou inconsistente, simplesmente o ignoram, sem questionar sua autoimagem.

Privacidade e dados pessoais

Surpreendentemente, muitos adolescentes não estão cientes de que os dados capturados nas plataformas alimentam essa personalização. Mesmo assim, eles não veem a personalização como uma ameaça à própria identidade ou privacidade, considerando um bom negócio a troca de dados pessoais por uma experiência digital personalizada.

Identidade e algoritmos

A teoria da “apresentação do eu” de Erving Goffman, proposta em 1959, sugeria que as pessoas gerenciam suas identidades através de performances sociais. Hoje, os algoritmos das redes sociais adicionaram nova camada a essa dinâmica, criando um espaço onde os adolescentes podem testar e reafirmar suas autoimagens.

Apesar de sua confiança na precisão dos algoritmos, pesquisas mostram que adolescentes são vulneráveis a distorções de autoimagem e outros problemas de saúde mental. Acreditar que podem ignorar os riscos dos algoritmos à sua identidade é uma suposição errônea.

Intervenções necessárias

Uma solução poderia ser desenvolver ferramentas de inteligência artificial que detectem interações inseguras e protejam a privacidade dos adolescentes. Outra abordagem seria incentivar reflexões sobre os “data doubles” — perfis formados com base em dados coletados de diversas fontes.

Em colaboração com a Encode Justice, uma organização global de jovens, realizamos workshops para entender melhor as preocupações da Geração Z sobre suas vidas digitais. Esses jovens estão ansiosos para envolver-se na construção de um futuro onde a IA seja segura e equitativa.

Conclusão: É fundamental reconhecer a influência dos algoritmos na formação da identidade dos adolescentes. Envolvê-los nas soluções e fornecer-lhes orientação adequada são passos essenciais para mitigar os danos potenciais e promover uma relação mais saudável deles com a tecnologia.

Fonte: https://www.nexojornal.com.br/

 

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