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Alerta - Desperdício

Saúde vem da cozinha

Diga não ao desperdício!

 

Parece que hoje estou em dia de protesto. Ouço todos os dias “fome zero”, “todos têm o mesmo direito a alimentação” etc., etc.

Entra governo e sai governo, tudo segue na mesma toada. Pode ser de direita, de extrema direita ou esquerda. O nome é o que menos importa, na história. Comida abundante no Palácio, com fartos e lautos jantares com camarão e lagosta regados a vinhos caros, assim como nas residências de ministros e afins, e nós vamos ao supermercado e feiras livres e encontramos, todos os dias, preços que nos fazem cair de costas. O preço do pimentão vermelho e amarelo sobe astronomicamente, agora que se aproxima a Páscoa. São elementos essenciais para o preparo do bacalhau, que também está com preços proibitivos e exorbitantes.

Por que num país “em que se plantando, tudo dá”, tanta gente passa fome e tanta comida vai paro o lixo in natura, nas feiras livres e supermercados?

Por que não existe uma política para ensinar a grande massa a consumir partes de vegetais que são jogados no lixo, diariamente?

Existem tantas maneiras de se alcançar esse público através do rádio e da televisão, mas infelizmente, não vejo isso. Só existem programas de culinária exótica, gourmet com elementos muito caros, fora da realidade dessa gente.

É tão fácil explicar em sala de aulas, em comunidades, como utilizar essas “sobras” que para mim não são sobras, e sim, alimentos de primeira ordem. Será que Deus envolveria couve-flor ou brócolis com lixo? Claro que não e já comentei como utilizar essas folhas tão ou mais saborosas que a couve. O talo central das folhas pode ser bem picadinho, transformando-se em uma farofa nutritiva, enriquecida com um ovo e farinha de mandioca ou de milho. Por que temos que comer sempre feijão com arroz? As crianças precisam ter o hábito de comer coisas diferentes que, graças a Deus, são oferecidas como alimentos nas creches, mas em casa não são consumidos ou por falta de tempo em fazer, ou por falta de material, ou ainda por desconhecimento.

Quando vou à feira livre, sempre levo para casa as minhas ramas e as do cliente anterior, que simplesmente pede que retire e jogue no lixo. Então o feirante já me conhece e me dá folhas de beterraba, ramas de cenoura e outras delícias.

As ramas de cenouras, depois de bem lavadas, retiram-se os talos e podem ser refogadas, podem transformar-se em bolinhos e ser a base de panquecas, que já passei a receita em edição anterior. Vou repetir: a base é a mesma para qualquer tipo de vegetal – 1 xícara de leite, 1 xícara do legume ou folha, 1 xícara de farinha que pode ser integral, de arroz ou branca normal, 2 ovos inteiros, sal a gosto, um pouco de queijo ralado, 1 colher de óleo ou margarina e um pouquinho de fermento em pó (não é obrigatório). Bater no liquidificador; e numa frigideira boa antiaderente, nós teremos 15 panquecas.

As folhas da beterraba, além de serem consumidas refogadas, podem e devem ser consumidas cruas, em saladas. Seus talos cozidos são colocados em palitinhos na salada como podem ser batidos e transformar-se em massa para a panqueca ou bolinhos. São muito ricos em fibras para o intestino, que agradecerá.

As panquecas também podem ser feitas de folhas de beterraba, de cenoura, de couve, da própria cenoura, dos talos da couve flor. Enfim, tudo é uma questão de criatividade.

Outra coisa que me incomoda muito é a questão do lixo domiciliar. Fazemos reciclagem de tudo em casa. Porque comprar vidros tão caros quando os de conserva bem lavados podem ser excelentes para guardar coisas? Todos os meus grãos estão em frascos de molho de tomates etiquetados e guardados, de maneira inteligente.

As folhas que estão impróprias para consumo vão para minha composteira. Sim, moro em apartamento e tenho composteira com minhocas que produzem um maravilhoso e perfumado húmus para minhas plantas. E conheço tanta gente que vive em casas com jardins na parte da frente e atrás que são incapazes de cavar um buraco e todo dia jogar o resíduo orgânico cobrindo com um pouco da própria terra que foi retirada.

Outra coisa que me incomoda. Vejo as crianças saindo das escolas sempre com os terríveis pacotinhos de salgadinhos que tem cheiro de chulé. E as frutas, onde estão? Sei que não estão baratas, mas algumas são bem acessíveis. Aumentaram muito os casos de crianças com diabetes e hipertensão pelo consumo contínuo dessas porcarias sintéticas.

Vou parar por aqui. Mas lembro. Somos cidadãos e temos DIREITOS, mas não podemos esquecer que temos DEVERES. Se os governantes não fornecem tudo o que necessitamos, devemos ir à luta e fazer, com as próprias mãos, condições melhores de vida. E a dengue é um exemplo disso. Se o mosquito voa somente 100 metros, devemos manter nossa casa limpa e exigir dos vizinhos que façam o mesmo. Somente assim seremos um País sério.

Ana Regina Elmec

Ginecologista – CRM/SP: 33041 e Fitoterapeuta

 

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