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Cultura - Street art

Arte Urbana

Transformação cultural e diálogo social nas cidades, como a arte de rua ressignifica os espaços públicos e promove nova perspectiva social

 

A Arte Urbana, popularmente conhecida como street art, ultrapassa as fronteiras dos museus e galerias, ocupando ruas, praças e muros, com expressões criativas, que dialogam diretamente, com a população. Seja através de grafites, murais ou intervenções performáticas, essa forma de arte democratiza o acesso à cultura, revitalizando os espaços urbanos e transformando-os em palcos de expressão popular.

Desde a Antiguidade, quando gregos e romanos usavam a cidade como meio de comunicação visual, a Arte Urbana tem um papel importante na relação entre as pessoas e o ambiente urbano. Porém, foi nos anos 1970, com o surgimento do grafite em Nova York, que a street art moderna consolidou-se como movimento de resistência social e política, reverberando globalmente, até os dias atuais.

A evolução da Arte Urbana e seu papel na cultura contemporânea

Embora a Arte Urbana moderna tenha se consolidado com o grafite, sua essência está profundamente ligada à história das cidades. Desde tempos antigos, a arte já se manifestava em ruas e praças, refletindo a cultura e as inquietações da sociedade. No entanto, o grande marco da street art contemporânea ocorreu nos anos 1970, quando artistas começaram a usar o grafite como meio de expressão, nos muros de Nova York.

Essa forma de arte caracteriza-se por ser efêmera e, por vezes, transitória, perpetuando-se por registros fotográficos e visuais. Contudo, sua influência vai além da estética: ela se tornou um poderoso veículo de comunicação para comunidades marginalizadas, que encontram nas ruas um espaço legítimo para expressar suas realidades e resistências.

No Brasil, a Arte Urbana ganhou força na década de 1970, em São Paulo, em um cenário de repressão política. Nomes como Alex Vallauri surgiram como pioneiros do grafite no país, utilizando os muros como espaço de contestação e criatividade. A arte, que no início enfrentava preconceitos e marginalização, hoje conquista um lugar de destaque, no cenário cultural brasileiro.

O Projeto ‘Cultura na Rua: Grafite e Arte Urbana’ e a revolução cultural em São Paulo

São Paulo, uma das principais capitais da Arte Urbana, está vivendo um momento efervescente com o projeto "Cultura na Rua: Grafite e Arte Urbana". A iniciativa, que começou em agosto e vai até outubro, envolve uma série de atividades dedicadas à arte de rua, incluindo oficinas e festivais.

Voltado principalmente para jovens de instituições públicas, o projeto busca fomentar o desenvolvimento artístico desses indivíduos, introduzindo-os no universo criativo do grafite e das artes visuais. Além disso, promove a criação de murais em espaços públicos, deixando um legado artístico nas áreas urbanas e transformando a cidade em um verdadeiro museu a céu aberto.

O projeto, coordenado pela produtora artística Parede Viva, é uma demonstração do impacto social que a Arte Urbana pode ter. Com mais de uma década de atuação, a Parede Viva tem promovido a revitalização urbana e o valorização jovem através de suas iniciativas socioculturais, reforçando a importância de democratizar a arte e a cultura.

O impacto social da Arte Urbana e sua função democrática

Mais do que embelezar os espaços, a street art tem um papel vital na democratização cultural. Ela transforma muros e praças em veículos de comunicação para questões sociais urgentes. Para comunidades periféricas, essa forma de expressão é um ato de resistência, um modo de reivindicar sua presença no cenário urbano. Ao mesmo tempo, a arte urbana promove um sentimento de pertencimento e identidade cultural, conectando os moradores ao espaço em que habitam.

Em cidades menores, como Tatuí e Boituva, o impacto da arte urbana é igualmente transformador. Murais e intervenções celebram a cultura local, revitalizando áreas públicas e fortalecendo a identidade dessas comunidades. Assim, a arte urbana continua a evoluir, moldando o cotidiano das cidades e desafiando os limites da criatividade, sempre inspirando a sociedade a refletir sobre si mesma.

Entrevista com Cristina Siqueira: a força da poesia muralista como agente de transformação

Cristina Siqueira, renomada artista e poeta, explica que a arte muralista poética é uma forma democrática de expressão, atingindo todos que circulam pelas ruas. Para ela, a poesia nos muros é capaz de promover transformações sociais profundas, além de sensibilizar o público.

Cristina conta que sua motivação, para realizar esse trabalho, surge de um desejo de levar seus poemas para as ruas, desengavetando suas palavras e tornando-as acessíveis a um público mais amplo. Segundo ela, a poesia é uma ferramenta poderosa de transformação social e humanização, especialmente em tempos em que a humanidade parece perder o sentido da vida.

Respeito pelo espaço e a cidade que “fala”

Ética é um princípio fundamental no trabalho de Cristina. Ela faz questão de obter todas as autorizações necessárias para suas intervenções, tanto de órgãos públicos quanto de proprietários privados, e suas obras são sempre assinadas. Em seu livro Por Trás dos Muros, Cristina relata as dificuldades burocráticas que, em alguns casos, inviabilizam ou atrasam seus projetos.

A revitalização dos espaços urbanos é uma das principais metas de Cristina. Através da poesia, ela faz com que as cidades "falem", como é o caso do Projeto Livro de Rua, que há mais de 40 anos transforma a paisagem urbana e as pessoas que a frequentam.

Processo criativo e inspirações artísticas

Cristina revela que seu processo criativo é contínuo. Ela escolhe cuidadosamente os poemas que comporão seus murais, considerando a história e as características de cada local. “Durmo e acordo com poesia”, diz ela, mostrando sua dedicação ao ofício. Suas inspirações vêm de artistas como Basquiat e da arte de azulejaria portuguesa, referências que influenciam sua criação.

Apoio e agradecimentos

Cristina conta com o apoio de patrocinadores, como a Strufaldi Revestimentos de Tatuí, que permite a continuidade de seu trabalho. Mesmo assim, ela acredita que, com novos investidores, poderia ampliar ainda mais seus projetos.

Cristina encerra a entrevista com um agradecimento especial à equipe da Revista Hadar, em especial à diretora editorial Bernadete Elmec, por promover o movimento literário em Tatuí e pelo reconhecimento de seu trabalho, que tanto enriquece a "Cidade Ternura" e "Capital da Música".

 

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