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Política - Violência Urbana

Violência urbana: a guerra entre entregadores e clientes

Ninguém tem razão quando a violência impera

 

Recentemente, têm-se multiplicado os casos de agressões de clientes que pedem comida por aplicativos contra os entregadores que levam esses pedidos. A situação chegou ao extremo de os entregadores organizarem-se e protestarem em frente às casas dos agressores, o que geralmente acaba em vandalismo contra o patrimônio de pessoas.

Claro que não é certo uma pessoa partir para a agressão de outra que está apenas prestando um serviço e tem regras para realizar esse trabalho. Mas também não é correto que os entregadores queriam fazer a justiça com as próprias mãos e realizem protestos que culminem com a destruição do patrimônio alheio.

Infelizmente, esses casos estão se multiplicando; parece que as autoridades pouco se têm empenhado em resolver o problema. Será preciso acontecer uma tragédia para que sejam adotadas medidas efetivas de segurança?

Em um dos casos, um morador agrediu o entregador porque este buzinou 3 vezes em frente à sua casa. Será que a pessoa que pediu a comida não poderia ficar atenta, esperando a entrega, para que o entregador não precisasse buzinar tanto? E mesmo o fato de buzinar algumas vezes, não parece ser motivo para agressão, mas parece, isto sim, que a pessoa que pediu não tenha paciência, ou educação, para atender o profissional o mais rápido possível e de maneira civilizada. Afinal, é presumível que, se a pessoa pediu um lanche ou uma entrega qualquer, que ela esteja no mínimo esperando por essa entrega, a saber, esteja atenta para o momento em que o entregador chegar.

Também é preciso esclarecer as regras que alguns Condomínios impõem a estes profissionais, já que há a informação de que, em alguns locais, o entregador não pode passar da portaria, mas alguns moradores insistem em receber o pedido na porta de sua casa ou apartamento. Será que os moradores desconhecem as regras do próprio condomínio onde moram?

Por outro lado, se entregadores e motoboys começarem a revidar as agressões, fazendo justiça com as próprias mãos, a situação só tende a piorar. Tais episódios representam mais uma faceta do desgaste das relações sociais em que vive a nossa sociedade, hoje, em que uma atividade que poderia ser corriqueira, pode transformar-se numa batalha de vida e morte.

Isto demonstra que a sociedade atual tem estremecido cada vez mais as relações sociais, por vezes, ultrapassando os limites da civilidade e do racional. É bastante importante que as pessoas comecem a refletir e procurem ter empatia com relação ao outro e pelo trabalho que o outro desenvolve. Se a pessoa mora em Condomínio e este não me permite que o entregador passe da portaria, ou o morador se dispõe a ir até à portaria pegar a entrega, ou então, proponha a mudança na Lei do Condomínio para que o entregador possa ir até a sua residência. Mas isso também pode abrir uma brecha para que malandros, disfarçados de entregadores, entrem nos Condomínios. De qualquer forma, o mais importante é que as pessoas busquem o equilíbrio e harmonia, porque não é concebível, em uma sociedade civilizada, que a simples entrega de um produto ou comida torne-se um caso de polícia, ou manifestações que causem prejuízos, como depredação das casas e até mesmo destruição de automóveis.

Não seria muito mais fácil, e barato, a pessoa pegar o seu lanche sem agredir o profissional que o está entregando? Por que algumas pessoas estão insistindo em agredir tais profissionais? Será este mais um lado da luta de classes que o Brasil vive, em que uma parcela da classe mais abastada acha-se no direito de humilhar e até agredir aqueles menos favorecidos e que simplesmente estão tentando ganhar a vida?

O que está acontecendo hoje, nas grandes cidades, leva-nos a refletir para onde caminha a sociedade humana. Infelizmente, pelo que tudo indica, parece que estamos voltando ao tempo da barbárie. É importante refletirmos sobre isso!

 

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