Bem-Estar - Fetiche

Especialista explica a Atração

A sexualidade é uma jornada única e cheia de nuances, totalmente subjetiva, o que revela beleza. Nessa trajetória, os fetiches têm intrigado e despertado curiosidade há gerações; têm sido tratados como tabu e estigmas, pela sociedade, desde então. Mas o que é fetiche? “A origem da palavra “fetiche” é francesa; quer dizer objeto enfeitiçado. O fetiche é uma preferência/atração sexual intensa e específica, que envolve objetos, situações ou partes do corpo, demasiada vezes não convencionais e não sexuais, como sapatos, pés, urina. Mesmo assim, a pessoa experimenta maior excitação sexual quando incorpora esses elementos, durante a prática sexual. Já em 1905, o pai da psicanálise, Sigmund Freud publica “Os Três Ensaios para uma Teoria Sexual”, onde expõe diversos temas relacionados à sexualidade humana, incluindo o fetichismo”, explica o psicanalista Yuri Avallone. Para Freud, o fetiche representava um meio de lidar com conflitos e ansiedades sexuais, servindo como espécie de substituto ou representante simbólico de desejos reprimidos. “No entanto, é importante ressaltar que a teoria de Freud sobre o fetichismo é apenas uma perspectiva e não representa a única explicação para os fetiches sexuais. É preciso considerar aspectos culturais, sociais e individuais, para se construir uma visão holística da sexualidade humana”, diz o especialista.

Segundo Yuri, cada pessoa pode desenvolver fetiches únicos e pessoais, e o respeito mútuo entre os parceiros é fundamental para a expressão saudável e consensual da sexualidade. Lembrando que o que pode ser considerado um fetiche para uma pessoa pode não sê-lo para outra, e isso é totalmente natural. O respeito, como em todas as áreas, das relações entre pessoas deve continuar, quando o tema é sexo. Quando se fala sobre fetiches, é importante o diálogo aberto e franco para que se estabeleçam limites saudáveis entre os parceiros, garantindo que ambos sintam-se confortáveis e seguros, durante a prática. Quando falamos sobre fetiche, é comum virem à mente saltos altos, roupas pretas e couro, chicotes, algemas e uma infinidade de situações criadas pela mídia. Porém, há um número muito vasto de fetiches.

“Embora o fetiche possa ser considerado saudável, pode, em algum momento, tornar-se um problema; isso percebe-se quando há dependência excessiva e incontrolável do objeto ou situação fetichista para alcançar excitação e prazer sexual, tornando difícil a obtenção do prazer em outras formas de relação sexual. Prejuízo nas relações interpessoais, pois o parceiro pode não compartilhar do mesmo interesse ou sentir-se desconfortável. Sentir angústia, ansiedade, culpa ou vergonha em relação ao fetiche. Falta de controle em relação ao fetiche”, diz Yuri.

Quando o sujeito sentir-se prejudicado de alguma forma devido a algum fetiche, é importante a ajuda de um profissional especializado. O autoconhecimento é fundamental haver uma vida saudável e plena. Quanto mais nós procuramos compreender, mais saudável será nossa relação para com o mundo interno e externo.

É importante ressaltar que o fetichismo é faceta natural e normal da sexualidade humana; não tem idade, e pode ir mudando o objeto de atração, ao longo da vida. Lembrando, sempre que precisar de ajuda, procure por um profissional.