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Matéria Capa - Envelhecer

Envelhecer: desafios e oportunidades, em um mundo em constante transformação

Como o aumento da população idosa redefine a sociedade e exige políticas públicas para garantir direitos e qualidade de vida à nova faixa populacional

 

O envelhecimento da população é um fenômeno global em expansão, acentuado pelo aumento da expectativa de vida e pela diminuição das taxas de natalidade. Estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que, nas próximas três décadas, o número de idosos poderá igualar o de crianças, em diversos países, incluindo o Brasil. Essa nova realidade impõe desafios significativos aos governos, organizações sociais e à sociedade como um todo, que se precisam adaptar para garantir o bem-estar e os direitos das pessoas idosas.

No Brasil, a transição demográfica tem avançado rapidamente. Dados do Censo Demográfico de 2022 revelam que o número de pessoas com 60 anos ou mais saltou de 20,5 milhões em 2010 para 31,2 milhões, representando 14,7% da população total. Esse crescimento de quase 40%, em pouco mais de uma década, demanda respostas ágeis e eficazes para assegurar os direitos dessa parcela populacional.

Expectativa de vida: uma revolução em progresso

A expectativa de vida no Brasil cresceu, de forma significativa. No início do século 20, a média era de apenas 34 anos; já em 2000, ela aumentou para 70 anos. Projeções do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que, em 2060, essa média poderá atingir 81 anos. Essa transformação na longevidade, ocorrida em um período relativamente curto, deve-se a avanços nas áreas de saúde, nutrição, saneamento básico e redução da mortalidade infantil. Contudo, viver mais não significa necessariamente viver melhor, e é nesse contexto que surgem os grandes desafios.

Symone Maria Machado Bonfim, diretora de Proteção da Pessoa Idosa do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), destaca: “O envelhecimento não se refere apenas ao físico. Aspectos como saúde mental, socialização e propósito de vida continuam sendo fundamentais, durante a Terceira Idade.” Assim, uma sociedade em envelhecimento deve reforçar políticas públicas que valorizem o idoso em todas as suas dimensões, garantindo que ele seja ouvido, respeitado e capaz de tomar suas próprias decisões.

O papel das políticas públicas

Desde a promulgação do Estatuto do Idoso, há 20 anos, o Brasil tem avançado na implementação de instrumentos legais que asseguram os direitos dos idosos. Esse marco legal possibilitou avanços em áreas como saúde, mobilidade urbana, assistência social e acesso à justiça. Entretanto, como observa a assistente social Albamaria Abigalil, a sociedade ainda carece de preparação para lidar com o "bônus demográfico" – o período em que a população economicamente ativa é maior que a inativa, antes que o país entre no ciclo de envelhecimento acelerado.

Embora o Estatuto do Idoso tenha trazido conquistas significativas, sua aplicação deve ser intensificada. A falta de acesso a cuidados especializados, condições de moradia inadequadas, isolamento social e violência, tanto física quanto patrimonial, contra pessoas idosas, ainda são desafios a serem enfrentados. A campanha “Envelhecer é o nosso futuro”, promovida pelo MDHC em 2023, busca conscientizar a sociedade sobre essas questões, enfatizando a importância de garantir um envelhecimento digno e respeitando os direitos humanos de cada cidadão idoso.

Enfrentando os desafios do envelhecimento populacional

Entre as principais preocupações, no Brasil, há crescente número de idosos em situação de vulnerabilidade, que afeta não apenas questões econômicas, mas também, o acesso à saúde e à educação. Iniciativas como o programa “Viva Mais Cidadania” e a criação da Rede Nacional de Gestores Estaduais em Direitos Humanos da Pessoa Idosa, promovidas pelo MDHC, visam abordar esses desafios de maneira estruturada.

Alexandre da Silva, secretário nacional dos Direitos da Pessoa Idosa, ressalta a importância de promover políticas públicas que garantam equidade. “Precisamos pensar em como ajudar mais quem precisa mais”, afirma, sublinhando a relevância de criar mecanismos que assegurem acesso a benefícios sociais, educação, saúde e atividades culturais. Para isso, a colaboração entre diferentes esferas do governo e a sociedade civil é essencial.

Educação e mercado de trabalho, na era do envelhecimento

Outro ponto crucial é a educação. O aumento da expectativa de vida tem prolongado a participação dos idosos na vida ativa, seja no mercado de trabalho, seja em atividades de lazer e aprendizado. Entretanto, o Brasil ainda carece de programas educacionais específicos para essa faixa etária que promovam inclusão digital e aprendizado contínuo.

Além disso, o mercado de trabalho precisa adaptar-se ao envelhecimento da força de trabalho. Muitos trabalhadores mais velhos enfrentam preconceitos e dificuldades para manter-se ou reinserir-se no mercado. Políticas de incentivo à contratação de idosos, como benefícios fiscais para empresas que empregam pessoas acima de 60 anos, podem ser uma solução viável para garantir que os idosos permaneçam economicamente ativos, contribuindo com sua experiência e conhecimentos.

O futuro é agora: envelhecer com dignidade

As projeções demográficas demonstram que o envelhecimento populacional é uma realidade inadiável, e os desafios que ele traz requerem respostas imediatas. Investir no bem-estar da população idosa é investir no futuro de todos. Symone Bonfim afirma: “Envelhecer é um direito de todos e deve ser visto como um momento de realização, não de perdas.”

Nesse contexto, é essencial que a sociedade esteja preparada para acolher e respeitar seus idosos, garantindo-lhes visibilidade, dignidade e o pleno exercício de seus direitos. O envelhecimento populacional não deve ser encarado como um fardo, mas como uma oportunidade de construir um país mais justo e inclusivo para todas as gerações.

Crescimento da População Idosa no Brasil: Desafios e Oportunidades para a Garantia de Direitos

À medida que o número de idosos cresce rapidamente no Brasil, o país enfrenta desafios significativos para assegurar a qualidade de vida e os direitos dessa população. O que está sendo feito e como o Brasil prepara-se para essa nova realidade?

O envelhecimento populacional apresenta impactos profundos em todas as esferas sociais, econômicas e políticas. Segundo dados do IBGE, o Censo 2022 revelou que o Brasil conta com 31,2 milhões de pessoas com 60 anos ou mais, representando 14,7% da população total – um crescimento de quase 40% em apenas uma década.

Desafios no Envelhecimento: A Visão de Especialistas

Symone Bonfim enfatiza que o envelhecimento é um processo complexo que envolve não apenas aspectos físicos, mas também, emocionais e sociais. “Não é apenas o corpo que envelhece; a mente e os propósitos de vida também mudam. Precisamos abandonar a ideia de que a velhice é sinônimo de perda e invisibilidade”, afirma. A assistente social Albamaria Abigalil, durante uma audiência pública no Senado, alertou para a falta de preparação do Brasil diante do "bônus demográfico". "Deveríamos aproveitar esse momento para preparar melhor a sociedade para o envelhecimento", destacou.

Alexandre da Silva também reforça que as políticas públicas têm um papel essencial na superação de problemas como o analfabetismo entre os idosos e o acesso digno à saúde. “A equidade no envelhecimento é fundamental. Como ajudar mais quem precisa mais? Essa deve ser nossa prioridade”, conclui.

Qualidade de vida e inclusão social para os idosos

O envelhecimento da população exige uma abordagem abrangente que considere não apenas a saúde física, mas também a socialização e o bem-estar emocional. Cidades como Curitiba e Florianópolis são referências em qualidade de vida para idosos, investindo em infraestrutura acessível, programas de saúde e iniciativas culturais que promovem a inclusão.

Curitiba, por exemplo, é pioneira na implementação de políticas públicas voltadas à terceira idade, como o programa "Maior em Movimento", que promove atividades físicas e recreativas. Já Florianópolis destaca-se pela sua ampla rede de Unidades de Saúde e Centros de Convivência para idosos.

Por outro lado, as regiões Norte e Nordeste ainda enfrentam desafios significativos. No Norte, apenas 9,9% da população é composta por idosos, enquanto no Sudeste, esse número atinge 16,6%. O Rio de Janeiro possui o maior percentual de idosos (19,1%), seguido pelo Rio Grande do Sul (18,6%).

Brasil está preparado para o envelhecimento da população?

A resposta não é simples. O Brasil avançou com a criação do Estatuto do Idoso em 2003 e programas como "Viva Mais Cidadania", que visa fortalecer a proteção e os direitos dessa população. Contudo, ainda há um longo caminho a percorrer. A falta de investimentos consistentes em saúde pública, educação e infraestrutura para acolher os idosos impede que o país esteja plenamente preparado para as mudanças demográficas.

É essencial que o governo federal, em conjunto com os estados e municípios, amplie as iniciativas voltadas ao envelhecimento saudável, incluindo mais programas de lazer, atividades culturais e acesso a esportes, além de garantir um sistema de saúde mais eficiente e acessível.

Panorama mundial do envelhecimento

Globalmente, o envelhecimento populacional apresenta desafios complexos. Segundo a OMS, em 2050 haverá mais de 2 bilhões de pessoas com 60 anos ou mais no mundo, representando 22% da população global. Países como o Japão são exemplos de como lidar com essa realidade, implementando políticas de integração intergeracional e serviços de saúde de qualidade.

Entretanto, nações em desenvolvimento, como o Brasil, enfrentam dificuldades semelhantes. A falta de planejamento estratégico e investimentos adequados pode agravar a situação dos idosos, principalmente em um contexto de desigualdade social.

Conclusão: envelhecer com dignidade é um direito

À medida que o Brasil aproxima-se de uma população majoritariamente idosa, o país deve priorizar o respeito e a valorização dessa fase da vida. O envelhecimento não deve ser visto como uma barreira, mas como uma oportunidade para garantir que todos tenham acesso a uma vida digna e com qualidade.

As palavras de Symone Bonfim são um lembrete essencial: "Envelhecer é um direito de todos e deve ser visto como um momento de realização, não de perdas." É responsabilidade de todos – governo, sociedade e indivíduos – trabalhar para que essa visão torne-se uma realidade tangível!

 

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