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Qualidade de Vida - Envelhecimento

Envelhecimento saudável: um dever coletivo e urgente

Relatório da ONU alerta sobre o rápido envelhecimento da população brasileira e destaca a necessidade de uma abordagem coletiva para assegurar vida digna e saudável aos idosos

 

Envelhecer de forma saudável é um desejo que permeia a mente de muitos, bem antes de atingirem a terceira idade. Descobrir os segredos para viver mais e melhor é um caminho que requer cuidados e hábitos saudáveis, ao longo de toda a jornada. A busca por um envelhecimento saudável deve começar cedo, pois os hábitos cultivados ao longo da vida têm impactos diretos na saúde. Como podemos, então, envelhecer com mais saúde e bem-estar?

Envelhecimento populacional, no Brasil

O relatório "World Population Prospects 2022", divulgado pela ONU, destaca o acelerado envelhecimento da população, no Brasil. Em 1950, apenas 2,4% dos brasileiros tinham mais de 65 anos. Em 2022, esse número chegou a 10%, indicando uma necessidade urgente de políticas públicas que atendam essa crescente parcela da população.

Pandemia e aumento da violência contra idosos

A pandemia de COVID-19 expôs e agravou a violência contra os idosos, no Brasil. Dados do Disque 100, serviço que recebe denúncias de violações de direitos humanos, mostram que, entre 2019 e 2021, as notificações de violência contra idosos aumentaram de 48,5 mil para cerca de 77 mil. Esse cenário alarmante exige atenção imediata da sociedade e do governo.

Os tipos de violência variam desde negligência, quando os responsáveis deixam de prover cuidados básicos, até o abandono, uma forma extrema de negligência. Violência física, psicológica e financeira também são prevalentes, impactando negativamente a vida e a dignidade dos idosos. É fundamental que a sociedade esteja alerta e denuncie qualquer forma de maus-tratos.

O perigo do idadismo

A Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou a Campanha Global de Combate ao Idadismo, que é a discriminação baseada na idade, gerando desvantagens e injustiças para os idosos. "Para começar, não existem doenças da velhice. Isso é outro mito que nós temos. É possível uma pessoa envelhecer sem doenças", afirma Mariana Reis Santimaria, fisioterapeuta e especialista em Gerontologia. Combater esses preconceitos é essencial para garantir um envelhecimento digno e saudável.

Educação: pilar do envelhecimento saudável

A educação é um dos pilares do envelhecimento ativo, juntamente com a saúde, segurança e participação. Investir em educação, ao longo da vida, ajuda a criar uma reserva cognitiva, protegendo contra demências e outras doenças neurodegenerativas. “Uma pessoa que estuda, que vai para a universidade, desenvolve uma reserva cognitiva que a pessoa com pouca instrução, não possui”, explica Santimaria, destacando a importância de intervenções específicas para prevenir ou retardar demências.

Jorge Felix, jornalista e professor de Economia e Finanças para a Gerontologia na USP, e autor do livro "Economia da Longevidade – O Envelhecimento Populacional Muito Além da Previdência", aponta as conexões entre o envelhecimento e as desigualdades. Após a Segunda Guerra Mundial, a reconstrução dos países passou pela criação de uma rede de proteção social para os cidadãos, proporcionando maior distribuição de renda. No entanto, países em desenvolvimento, como o Brasil, estão envelhecendo sem nunca terem construído uma rede de proteção social abrangente. Nos próximos 30 anos, 80% da população idosa mundial estará em países de baixa e média renda, segundo a ONU.

Desafios demográficos e sociais

O Brasil enfrenta uma tendência de envelhecimento populacional e de baixa natalidade, levantando questões sobre quem cuidará dos idosos, no futuro. A Frente Nacional de Fortalecimento à Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI) está mapeando instituições e capacitando profissionais para lidar com esse desafio. As ILPIs são instituições governamentais ou não governamentais, de caráter residencial, destinadas ao domicílio coletivo de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, com ou sem suporte familiar e em condições de liberdade, dignidade e cidadania. É essencial que a sociedade prepare-se para oferecer suporte adequado aos idosos, garantindo que não sejam abandonados ou negligenciados.

Importância da atividade física

A prática regular de exercícios físicos é fundamental para a saúde dos idosos, retardando o processo natural de envelhecimento e melhorando a qualidade de vida. “Exercícios de resistência ajudam na manutenção da massa muscular e da densidade óssea, enquanto exercícios aeróbicos melhoram a capacidade cardiorrespiratória”, explica Santimaria. É vital que a sociedade incentive e facilite o acesso dos idosos à prática de atividades físicas.

Envelhecer de forma saudável é uma construção coletiva e urgente. A sociedade precisa agir agora, promovendo saúde, segurança, educação e participação para garantir que todos possam envelhecer com dignidade e com qualidade de vida.

https://gife.org.br/o-envelhecimento-saudavel-e-uma-construcao-coletiva-diz-especialista/

 

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